Cientista-chefe da Coca-Cola abandona empresa após escândalo sobre influência da bebida na obesidade mundial
A cientista-chefe da Coca-Cola está deixando a empresa depois que foi revelado que a marca da bebida famosa vinha financiando estudos que minimizavam a influenciavam seus produtos na disseminação da obesidade pelo mundo.
A doutora Rhona S. Applebaum, diretora de Ciência e Saúde, de 61 anos de idade, contribuiu no financiamento da ONG Global Energy Balance Network, cujos membros, cientistas de universidades, incentivavam o público a se preocuparem menos com a quantidade de calorias ingeridas em bebidas e alimentos, e os induzia a se concentrarem em fazer exercícios físicos.
Eles o faziam por meio de pesquisas e a empresa gastou o equivalente a cerca de R$ 5.600.000 só no ano passado a fim de apoiar o grupo. Esse valor incluía uma doação de R$ 3.700.000 para a Escola de Medicina da Universidade do Colorado, EUA, onde James O. Hill, um proeminente pesquisador sobre obesidade e presidente da ONG, dá aulas.
Depois de especialistas em saúde pública se mostrarem preocupados com a relação entre a Coca-Cola e as pesquisas, a universidade devolveu o dinheiro este mês.
Rhona, cientista de alimentos com Ph.D. em microbiologia, era a cientista-chefe da empresa desde o ano de 2004, e nesta função ajudou a liderar a estratégia da empresa de trabalhar com cientistas como uma forma de conter críticas sobre as bebidas.
A Coca-Cola afirmou que enquanto ofereceu apoio financeiro à Global Energy Balance Network, não teve qualquer influência sobre o grupo ou sobre as pesquisas produzidas por ele.
Mas novos relatórios, divulgados pela agência The Associated Press, mostraram que a cientista e outros executivos da Coca-Cola ajudaram na escolha dos líderes do grupo, além de também auxiliar a criar o comunicado sobre sua missão e a projetar seu site.
Uma porta-voz da empresa disse que a mulher havia tomado a decisão de se aposentar em outubro, e que o processo está em andamento. Um pedido de entrevista com Rhona foi recusado pela empresa.
A Associated Press também publicou uma série de e-mails, entre James e executivos da Coca-Cola, que revelaram a estratégia inicial da ONG.
Antes da Global Energy Balance Network ser criada, ele havia proposto a publicação de um estudo que ajudaria a empresa a afastar as críticas de seus produtos e passar a culpa da obesidade para o sedentarismo.
Os laços financeiros da Coca-Cola com o grupo foram revelados pela primeira vez em um artigo no jornal “The New York Times”.
Fonte: Blogs